quarta-feira, 24 de março de 2010

Lagamar denuncia extermínio de jovens


Somente no início deste ano, 12 adolescentes foram vítimas de homicídio

“Eu quero, viver, saúde, amor, cultura, segurança...”. Essas palavras foram mostradas e exigidas pelos jovens que participaram da caminhada “Campanha Quero Viver”, na tarde de ontem, promovida pelo Instituto de Juventude Contemporânea (IJC), através do Projeto Clube Galera de Atitude e o Movimento Nacional de Meninos e Meninos de Rua do Ceará (MNMMRCe) no bairro do Lagamar. O projeto, que trabalha “contra o extermínio da juventude”, já passou por outros pontos da cidade com: Bom Jardim Caça e Pesca e Pirambu.

Camila Brandão, que é membro do IJC, comentou que a caminhada realizada ontem encerrou a campanha. No ato político realizado no ponto final da caminhada serviu pra pensar em como chamar a atenção dos gestores do Estado e do Município, afirmou Camila. Tendo saído da lateral do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado (Sindônibus) e seguiu até o, considerado, cruzamento mais perigoso da Raul Barbosa, neste ponto os jovens que acompanharam todo o trajeto puderam falar o que pensavam. No caminho ao som de uma banda de percussão era distribuídos panfletos informativos.
O OUTRO LADO
O educador do MNMMRCe, Eriverton Teixeira – o conhecido Del do Lagamar –, declarou que o principal objetivo da caminhada era mostrar para as pessoas que mesmo em um lugar considerado perigoso existem jovens como qualquer lugar nobre da cidade. “Nós queremos mostrar o outro lado. Principalmente neste horário [de 16 às 18horas] que as pessoas têm muito de passarem por aqui. Nesse caminhada a todo momento veremos muitos policiais. Aqui tem jovem com muito potencial”, destacou enquanto organizava os jovens para começarem a passeata. Ele comentou que neste ano 12 jovens foram mortos no Lagamar.
Eriverton Teixeira contou que existem políticas públicas que não saem do papel. “Nós propomos demais e fazemos pouco. É esse o problema. As mães e os jovens que são usuários de drogas sofrem por não terem para onde ir, por não terem condições para deixar esse mundo. Muitos deles só buscam o universo da criminalidade porque não receberam oportunidade. Olhemos em volta, não tem nenhum espaço do qual eles possam passar no tempo livre”, reclamou.
Emenda coletiva
Em meio a todos os problemas apresentados durante a caminhada foi abordada, por várias vezes, a questão do consumo de drogas, principalmente, o crack. Para debater este assunto, será realizada, no domingo pela manhã, uma “Grande Marcha pela Paz e Contra o Crack”. A membro da Coordenadoria Colegiada de Saúde Mental de Fortaleza, Evelyne Bastos, destacou que em Fortaleza, atualmente, existe seis Centro de Atenção Psicossocial/Álcool e Drogas (CAPS/AD), um para cada regional.
“Nestes lugares, nós recebemos e tratamos muito bem todos . Até mesmo quando eles chegam alcoolizados ou com sintomas de que estava usando drogas. Realizamos o atendimento que precisam. Mas, para que possam ser tratados no local, eles precisam querer”, afirmou. Para o educador do MNMMRCe os CAPS/AD que existem não são suficientes. “Era para ser como posto de saúde e não um para cada regional. Porque não dá para atender a todos”, declarou. Ele ainda destacou que “as gestões deviam trabalhar como o crack, a todo o momento”.
O vereador Marcelo Mendes (PTC) comentou que a emenda coletiva que destina R$ 2 milhões para a construção de uma unidade de tratamento para dependentes químicos já foi aprovada pela Câmara de Vereadores, por unanimidade, e que está apenas esperando a Prefeitura de Fortaleza executar.
Fonte: Jornal O Estado
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